Fim do Mundo

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. O Fim dos Tempos para a Religião e a Ciência: 4.1. A Posição Religiosa; 4.2. A Posição da Ciência. 5. O Problema da Escatologia: 5.1. A Escatologia Grega; 5.2. A Escatologia Judaica; 5.3. A Escatologia Cristã. 6. O Fim do Mundo sob a Ótica Espírita: 6.1. A Concepção de Mundo; 6.2. O Quadro Alegórico; 6.3. Os Cataclismos Futuros. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

Temos condições de saber como e quando acabará o mundo? A escatologia tenta nos dar uma resposta; o apocalipse também. Podemos confiar plenamente em seus pressupostos? Que subsídios o Espiritismo nos oferece para tratar de questão extremamente complexa?

2. CONCEITO

Escatologia – doutrina das coisas ou dos fins últimos do ser humano e do mundo – a doutrina dos "novíssimos": morte, juízo, inferno, paraíso, fim do mundo e ressurreição dos mortos. Entende-se, também, como a doutrina da esperança, a doutrina da salvação (plenitude da vida). A salvação futura não é uma mera "salvação de almas". Incluirá a humanidade dos salvos em Cristo com a totalidade da obra que realizou na justiça e no amor. (Polis)

Fim do mundo – De modo geral, o fim do mundo significa que não durará eternamente a ordem atual das coisas. Pode ser no sentido material e no sentido espiritual. Da maneira como está anunciado na Bíblia, o mundo atual, especialmente a terra, perecerá "por fogo". Será o último acontecimento do universo (ressurreição dos mortos, juízo final), e logo terá início um novo céu e uma nova terra, onde habitarão os bem-aventurados. (GEPB)

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

De tempos em tempos surgem boatos acerca do fim do mundo. Basta aproximarmo-nos do fim de um século, de um milênio que as profecias aparecem. As profecias de fim de mundo têm sempre um atrativo especial. A do dia 21 de dezembro de 2012 está se aproximando. O que acontecerá neste dia fatídico?

Há um documentário feito pelo History Channel sobre a Profecia Maia, que prevê o fim do mundo em 21 de Dezembro de 2012. Este calendário Maia prevê que algo de muito grave se passará no solstício de Inverno, 21 de Dezembro, de 2012. Tão grave será o acontecimento, que o mundo tal como o conhecemos desaparecerá. Isto não quer dizer que o mundo acabará, quer simplesmente dizer que um grande acontecimento transformará o mundo.

Eles ligaram esta profecia a outras, como é o caso do livro chinês I Ching que também prevê o fim do mundo em 21 de dezembro de 2012.

4. O FIM DOS TEMPOS PARA A RELIGIÃO E CIÊNCIA

4.1. A POSIÇÃO RELIGIOSA

No Antigo Testamento, a idéia de fim de Mundo mostra que a Terra perecerá "por fogo". Será o último acontecimento do universo (Ressurreição dos mortos e Juízo Final), e logo terá início um "novo céu e uma nova terra", onde habitarão os bem-aventurados. Isto constitui um aspecto do messianismo sem ultrapassar os limites do quadro nacional hebraico. Estava reservado ao cristianismo dar-lhe alcance universal. Jesus fala muitas vezes do tempo em que "passarão o céu e a terra" e apresenta a "consumação dos séculos" sob o aspecto positivo de uma "regeneração" cujo ponto culminante é o aparecimento do Filho do homem (Mat., XXIV, Marc., XIII, Luc. XXI).

4.2. A POSIÇÃO DA CIÊNCIA

A ciência, principalmente a astrofísica, informa-nos que os objetos astronômicos – planetas, estrelas, galáxias – terão um fim. Como mostram as projeções, a morte do Sol, por exemplo, se produzirá em cinco bilhões de anos. No final dos tempos, haverá uma extinção geral de estrelas, na forma de imensos apocalipses: explosões, implosões etc. Ocorrerá uma enorme quantidade de cataclismos que destruirão todas as formas de vida num raio de muitos anos-luz. Dentro de 20 bilhões de anos, nenhum astro se iluminará mais.

Quanto ao fim do tempo, os modelos cosmológicos prevêem dois cenários para o futuro: big crunch (o grande esmagamento) e o big rip (grande dilaceramento) (Planeta, pág. 62)

5. O PROBLEMA DA ESCATOLOGIA

O fim dos tempos deve ter como pano de fundo as duas tendências: a) uma judaizante, na qual se acentua a ressurreição na carne e o fim dos tempos: b) helenizante, na qual desde Platão até Pascal, se realça a imortalidade da alma e a evasão do mundo.

5.1. A ESCATOLOGIA GREGA

Platão via no tempo a imagem mutável da eternidade. Para ele, a alma participa da natureza divina e é dada por Deus ao homem; a vida não depende do corpo, depende da alma; através da união da alma ao corpo, a alma se macula, e só reconquista sua pureza pela libertação do corpo. A alma é a essência do corpo, e tem a natureza das idéias. Alma é o princípio do movimento e da vida, portanto imortal.

5.2. A ESCATOLOGIA JUDAICA

Os judeus, no sentido da vida futura, clamam por um messias e que ele viria para apaziguar e salvar a humanidade de todas as suas preocupações. Como não aceitaram o Cristo como o seu Salvador ainda o aguardam até hoje.

5.3. A ESCATOLOGIA CRISTÃ

O progresso da escatologia corresponde ao progresso da idéia messiânica. O cristão, quando compreende a sua vocação, insere a eternidade no instante presente. Diz-se que só se salvarão os que houverem acreditado em Jesus Cristo.

A escatologia de Paulo situa-se ainda em um contexto judaico-cristão. Aguarda-se a volta de Cristo, que será alegria para os fiéis e confusão para os ímpios – destinados à perdição eterna.

6. O FIM DO MUNDO SOB A ÓTICA ESPÍRITA

6.1. A CONCEPÇÃO DE MUNDO

A questão do fim do mundo é uma questão de concepção de mundo. Se formos religiosos dogmáticos acreditaremos piamente nas citações bíblicas; se formos cientistas, apenas na ciência. Mas há muitos que não acreditam nem na ciência e nem na religião. Formam a sua própria doutrina, guiados apenas pela pretensa força sobrenatural. Pregam o abandono dos familiares, a venda de todos os bens etc. Contudo, o fiel adepto da verdade não se abala nem com a frieza da ciência e nem com o malabarismo dos pseudo-profetas. A experiência lhe mostra que essas ondas vêem e passam e a vida continua intrépida e resoluta.

6.2. O QUADRO ALEGÓRICO

É evidentemente alegórico este quadro do fim dos tempos: guerra e rumores de guerra, filhos se levantando contra seus pais e a perspectiva de pestes, fomes e tremores de terra em diversos lugares.

Allan Kardec diz: "Pelo seu vigor, as imagens que ele encerra são de natureza a impressionar inteligências ainda rudes. Para tocar fortemente aquelas imaginações pouco sutis, eram necessárias pinturas vigorosas, de cores bem acentuadas. Ele se dirigia principalmente ao povo, aos homens menos esclarecidos, incapazes de compreender as abstrações metafísicas e de apanhar a delicadeza das formas. A fim de atingir o coração, fazia-se-lhe mister falar aos olhos, com o auxílio de sinais materiais, e aos ouvidos, por meio da força da linguagem..."

"...Como conseqüência natural daquela disposição de espírito, à suprema potestade, segundo a crença de então, não era possível manifestar-se, a não ser por meio de fatos extraordinários, sobrenaturais. Quanto mais impossíveis fossem esses fatos, tanto mais facilmente aceita era a probabilidade deles". (1975, cap. 17, item 54, pág. 393)

6.3. OS CATACLISMOS FUTUROS

Allan Kardec, no cap. IX, itens 13 e 14 de A Gênese, fala-nos que o Planeta Terra já teve as convulsões próprias da sua infância; entrou agora num período de relativa estabilidade. Como o fim da Terra permanece no domínio das conjecturas, afirma ele que a Terra não acabará ao nosso tempo, pois está longe da perfeição que deve alcançar. Da mesma forma são os seus habitantes. As transformações, salientadas na Bíblia, são de ordem exclusivamente moral. Até que a humanidade alcance a perfeição, pela inteligência e pela observância das leis divinas, as maiores perturbações ainda serão causados pelos homens mais do que pela natureza, isto é, serão antes morais e sociais do que físicas.

7. CONCLUSÃO

Estejamos sempre alerta. Não permitamos que as ondas passageiras possam perturbar a serenidade de nosso Espírito imortal.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]

KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.

POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.

REVISTA PLANETA. Edição de julho de 2008.

São Paulo, outubro de 2008.

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