Preparação de Palestras

1. O USO DAS PALAVRAS

O sábio Confúcio tinha razão, quando respondia àquele que lhe perguntava o que ele faria se fosse chamado a governar o Estado: "A primeira coisa e a mais necessária, disse ele, seria retificar nomes, quero dizer, impor a todos e a cada um, um uso de palavras conforme o sentido que elas exprimem realmente. Se as denominações não estão corretas, a linguagem não está de acordo com as coisas, os negócios não podem ser bem sucedidos".

2. TENHAMOS SEMPRE EM MENTE O OBJETIVO

"Tal como um atirador aponta para o alvo, visando o ponto da mira e nada mais, também deve o palestrante ter um ponto definido à sua frente, que precisa atingir". Assim, toda a palestra deve começar com um objetivo, pois "O homem sem um fim em vista, raramente chega a alguma parte", disse Charles E. Jefferson.

3. COMECEMOS PELA CONCLUSÃO

Certa vez alguém perguntou a O. Henry qual o segredo para escrever um conto. "É simples", respondeu, com um sorriso, "basta pensar no fim e construir a história que conduza a ele".

Comece com a conclusão e termine com a introdução. Isto evidentemente refere-se aos planos, mas não à redação, que deve partir do começo, prosseguir pelo meio e assim até o final.

4. LEMBRETES QUE NÃO PRECISAM ESTAR NESTA ORDEM

1. Dar tempo bastante para a palestra crescer.

2. Formular por escrito um alvo elevado.

3. Escolher um texto de acordo com o objetivo.

4. Englobar o objetivo numa conclusão.

5. Começar a reunir toda a sorte de material.

6. Deixar tudo incubado durante algum tempo.

7. Começar a pensar no tópico da palestra.

8. Agrupar gradualmente o material de acordo com o objetivo.

9. Começar a pensar nas ilustrações.

10. Decidir sobre a introdução ou exórdio.

11. Escrever a palestra toda de uma vez.

12. No dia seguinte rever o manuscrito com todo o cuidado.

13. Preparar-se para proferir a mensagem de Deus.

14. Esquecer a preparação no púlpito.

15. Confiar em Deus para abençoar a pregação de sua Palavra. (Is. 55, 10,11)

Cópia parcial de BLACKWOOD, A. W. A Preparação de Sermões. Tradução D. Macedo. São Paulo: Aste, 1965

São Paulo, agosto de 2008

 (Org. por Sérgio Biagi Gregório)

 

Discurso: Preparação (*)

1. A PREPARAÇÃO

- À preparação gráfica que exige uma série de trabalhos inúteis, prefira a preparação mental, mais lógica e adequada. É o ouvido que faz o orador. A melhor forma de praticar a oratória é treinar o improviso todas as manhãs.

- O trabalho de reunir documentação e planejar o discurso não obedece a planos rígidos. Os métodos clássicos de preparação do discurso continuam a ser o escrito e o esquematizado. Recomenda-se escrever o discurso pela prática que se adquire na redação, embora se recomende mais, para ser utilizado na elocução oral, o esquema.

- Ensaie perante o espelho, com um relógio à mão. O espelho dá ao orador uma idéia exata de sua aparência, pose e gesticulação.

- Poucas pessoas preparam-se antes de falar em público, daí os defeitos tão comuns:

1) Voz mal colocada.

2) Falta de alcance devida à má articulação.

3) Cortes ou tropeços nas consoantes.

4) Imprecisão nos acentos.

5) Voz que cai nos finais das frases.

- É preciso introduzir as palavras nos ouvidos, nos olhos e no cérebro dos que escutam. Você precisa ser ouvido, visto e compreendido ao falar.

O Prof. Décio Ferraz Alvim recomenda um plano para expor qualquer assunto em público:

1) Defina e conceitue.

2) Apresente os prós e os contras.

3) Enalteça os prós.

4) Refute os contras.

5) Apresente uma conclusão lógica, com a sua opinião pessoal.

- Para despertar o interesse do público, é preciso deixar-lhe uma parte dos pensamentos. Não se lhe deve dizer tudo. O público tem cabeça e deve usá-la. A obediência a esta norma faz com que a audiência participe das suas opiniões e conclusões.

- Ao falar, lembre-se de que a audiência espera que você fale com autoridade. Observe seus ouvintes. Eles lhe mostram a medida da atenção que você está sendo capaz de despertar. Quando tiver terminado, cale-se. É preferível falar de menos, do que falar demais. Procure deixar no espírito do assistente a idéia de que foi pena ter falado tão pouco.

2. TEMA

- Não escolha nunca um tema que lhe seja estranho.

- Como a memória é uma faculdade que esquece, não leia apenas com os olhos, mas também com a caneta.

- Além dos livros, converse com as pessoas que conhecem o assunto.

- Perguntaram certa vez, nos Estados Unidos, a um pastor protestante como organizava os seus sermões, sempre lógicos, de fácil compreensão para qualquer ouvinte. Ele explicou que dividia o sermão em três partes:

— primeiro digo o que vou dizer. Depois, digo. Para acabar, digo o que disse.

Quanto à  preparação, distinguem 4 tipos de discurso:

1) O improviso.

2) O Discurso preparado.

3) O Discurso lido.

4) O discurso com roteiro.

- A maioria dos oradores está de acordo em que não se deve ler um discurso. O texto se interpõe entre o orador e o auditório, perturbando um e outro. Falar de memória é um  grave risco e a mesma barreira mantém-se entre o orador e auditório, embora mais sutil. Alguns oradores escrevem os discursos, esquecem-nos de propósito e, chegado o momento de falar, estabelecem um equilíbrio entre a memória e o improviso. Somos favoráveis à preparação de um esquema, que não deve ser telegráfico — pode perturbar em vez de ajudar — e nem muito extenso.

- Até existir um domínio perfeito da palavra oral, convém evitar o improviso. Neste tipo de oração, muito principiante naufraga, adquirindo complexos. Admite-se o improviso, de início, apenas nos cursos de Oratória, onde se é acompanhado pelo professor.

3. LEMBRETES

1) À medida que se sentir mais confiante diminua o tamanho do roteiro.

2) Procure controlar o sistema nervoso. O nervosismo só transparece caso V. queira. Uma aparência tranqüila inspira confiança. Faça por mantê-la, embora, no interior, V. esteja com medo da platéia.

3) DÊ tudo o que tiver! Um orador não se poupa.

4) Caso haja necessário ler o discurso, não grampeie o manuscrito. Deixe as folhas soltas. Conforme o lugar, poderá ir deixando cair as folhas, na medida do desenvolvimento do discurso.

5) Sublinhe as palavras e as frases importantes.

6) O discurso com roteiro deixa o orador em liberdade, mantendo-o dentro de um esquema. Não hesite em utilizar suas notas. A audiência não se incomoda com isto. Ao contrário, vê o cuidado com que V. se preparou para servi-la

7) Para terminar um discurso Simons sugere:

a) Faça um resumo de tudo quanto disse.

b) Faça um apelo à ação.

c) Faça um agradecimento sincero.

d) Conte uma história interessante, bem humorada e adequada ao tema.

e) Faça uma boa citação.

f) Arranje uma frase de efeito.

8) O interesse esfria e congela-se, quando o orador não sabe como terminar, ou termina de qualquer jeito. Todo o discurso precisa de um climax e você deve prepará-lo com o mesmo cuidado com que procura as primeiras cinco palavras. A primeira impressão é a que vale, mas é a última impressão a que fica.

4. AVALIAÇÃO

- Depois de falar, responda a estas perguntas:

1) A audiência reagiu bem quando eu contava que reagisse bem?

2) Senti o interesse do auditório durante todo o discurso?

3) Quais os pontos em que foi maior esse interesse?

4) Quais os pontos que menos interessaram?

5) Estavam corretos os meus gestos?

6) Não me perdi nenhuma vez?

7) Não consultei demais os apontamentos?

8) Comecei bem o discurso?

9) O tom de minha voz correspondeu às necessidades da exposição?

10) Terminei bem?

(*) Cópia de trechos do livro A Técnica da Comunicação Humana, de J. R. W. Penteado. São Paulo, Pioneira, 1964, p. 283 a 288.

  (Org. por Sérgio Biagi Gregório)

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